Tabanka de lebre, lala*
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(Djitu ku pui lala bida Tabanka di lebre:
como é que a lala se tornou a Tabanka do lebrão)
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Era, era…
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Era uma vez, uma grande Tabanka de animais, chamada “lala”. Lá moravam quatro famílias. A
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família lebre, a família cabra, a família lobo (hiena) e a família onça. Todos eram parentes tocados.
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Porque eram todos animais da floresta. Mas mesmo assim, cada família, como é caso de todos os
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Seres, tinha a sua Morança própria, dentro da grande Tabanka. Também cada família tinha o seu
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dono de Morança, o chefe.
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E o problema na Tabanka de lala era esse. Os donos de Morança não se entendiam. Ao contrário
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das suas crianças. Essas se entendiam. Não tão perfeitamente bem, mas sim
razoavelmente.
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Porque se cruzavam sós sem acompanhamento, não se roubavam a comida de uns aos
outros,
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segundo a lei do mais forte, nem se furtavam, segundo a lei do
mais intriguista, e nem se brigavam
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(como isso acontecia no caso dos seus pais, as vezes até a morte), segundo a lei do mais feroz.
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Havia uma hierarquia entre os donos de Morança que não era observado entre os filhos. O
Papai
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lebre era da categoria inferior de todos. Porque o mais fraco
(fisicamente), menos intriguista e
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menos feroz. O sobrinho de todos. Ele tinha que apelar e tratar
os outros três de Tio. Tinha todavia
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uma qualidade excepcional. Era uma pessoa de bem muito
respeitadora de outros seus
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congéneres e uma pessoa de bons planos. E porque sobrinho, cultiva
esses valores em todas as
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situações de vida.
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O Papai cabra-bode era o sobrinho dos Papais lobo e onça. O Papai lobo, o sobrinho do Papai
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onça, que era assim o único sem Tio na Tabanka. Só para lá fora tinha ele os Tios tigre, leão e
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pecador que moravam em outras Tabankas.
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Um dia, do regresso da caça, o Papai lebre encontra o Tio
cabra-bode numa fonte. Disse que caiu
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lá por descuido. Fez tudo e não conseguia sair. Pedia por isso o
socorro ao sobrinho lebre.
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O Papai lebre que não era forte, nem intriguista e nem
feroz, mas sim pessoa de bem, muito
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respeitador das regras da vida conjunta e muito respeitadora da
força dos bons planos, pôs-se
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logo a fabricar um bom plano sobre o assunto. Diz-se à si então, “ah, se dos três Tios maus, o
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Senhor Deus mandou neutralizar um pelo calaboiço da fonte, então há que continuar por essa
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via”. Princípio da solução encontrada, solução encontrada.
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O Papai lebre fabrica logo então um acordo que apresenta ao Tio
cabra-bode. Oferecer-lhe-ia seu
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socorro contra o abandono da Tabanka de lala, para ir morar
doravante e em definitivo, com a
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família toda, na Tabanka do Tio pecador. Ele, o Papai lebre sabe,
que o Tio pecador, até a um certo
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ponto, tolerava bem as famílias de animais do género de Tio cabra-bode. O Tio
cabra-bode, ciente
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da sua situação e vantagens de se salvar a vida,
aceita o acordo. Celebram em seguida esse pela
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partilha de uma cola de juramento. Cada um comendo uma parte,
jurando pela honra e alma deles
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mesmos e pela honra e alma de todos os seus antepassados. O
Papai lebre vai e informa a família
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do Tio cabra-bode, onde até lá ainda ninguém sabia de nada. Socorrido, o Tio
cabra-bode parte
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O Tio lobo, no dia seguinte, reparando as pegadas do cabra-bode,
seu sobrinho mal querido e
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sempre mal tratado, lança-se logo na perseguição deste sem nenhuma desconfiança. Finda a
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caminhada exactamente na fonte.
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O sobrinho lebre que aparece um tempo depois apresentá-lo-á a proposta do mesmo tipo de
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acordo que celebrara com o Tio cabra-bode. Propondo-lhe mudar,
doravante e em definitivo, com
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toda a família, para a Tabanka da mata de tarrafe e/ou de mantampa de serra
do Tio tigre. O Tio
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lobo, ciente da sua situação e vantagens de se salvar a vida,
aceita o acordo. Os dois celebram em
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seguida esse pela partilha de uma cola de juramento. Cada um
comendo uma parte, jurando pela
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honra e alma deles mesmos e pela honra e alma de todos os seus
antepassados. O Papai lebre vai
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e informa a família do Tio lobo da mesma maneira
como fez com a família do Tio cabra-bode.
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Socorrido, o Tio lobo parte com a família toda de uma vez para sempre para
a Tabanka da mata de
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tarrafe e/ou de mantampa de serra do Tio tigre. (A menos que
viesse mudar da atitude e do
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comportamento no futuro de um Tio mau para um Tio bom).
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O Tio onça é afastado pelo sobrinho lebre com a ajuda do mesmo tipo de
plano. Fabrica também
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com a ajuda do amigo arquitecto, pedreiro e carpinteiro bagabaga
um calçado com a forma das
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patas dos pés do Tio lobo. Depois camufla a
abertura da fonte como fez antes nos outros dois
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casos e caminha com os sapatos da forma das patas dos pés do Tio lobo, calçados, até perto da
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Morança do Tio onça para depois regressar ao local da
fonte.
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O Tio onça ao acordar-se no dia seguinte e reparando as pegadas do lobo,
seu sobrinho mal
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querido e sempre mal tratado, à volta da sua casa, lança-se logo na perseguição. Sem
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desconfiança nenhuma. E finda também a caminhada exactamente como os
Tios cabra-bode e
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lobo na fonte.
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O sobrinho lebre aparece um tempo depois como fez nos dois
outros casos. Apresenta ao Tio onça
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a proposta do mesmo tipo de acordo que apresentara aos Tios
cabra-bode e lobo e que celebrara
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com eles. Propondo-lhe mudar, doravante e em definitivo, com
toda a família, para a Tabanka da
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mata serrada do Tio leão. O Tio onça, também ciente da sua situação e vantagens de se salvar a
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vida, fez como fizeram os Tios cabra-bode e lobo. Aceita o
acordo. Os dois celebram esse
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partilhando a cola de juramento. Cada um comendo uma parte,
jurando pela honra e alma deles
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mesmos e pela honra e alma de todos os seus antepassados. O
Papai lebre vai e informa a família
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do Tio onça da mesma maneira como fez com a família do Tio cabra-bode e do Tio lobo.
Socorrido,
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também o Tio onça parte com a família toda de uma vez para sempre para
a Tabanka da mata
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serrada do Tio leão. (A menos que viesse mudar da
atitude e do comportamento no futuro de um
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Tio mau para um Tio bom).
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Feito tudo, a lebre, sem nunca se ter metido na categoria do
mais forte, nem do mais intriguista e
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muito menos, do mais feroz, foi chamar toda a família para um grande meeting. Onde fez
um
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grande discurso com grandes palavras que ficaram para sempre na
memória de todos os Seres da
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A família lebre ficou como a única na lala. Mas, sempre esperançada de que algum dia os seus
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parentes asilados conseguir-se-iam transformar-se em Seres bons
para assim poderem regressar
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na sua Tabanka de lala. A sua Tabanka natal. Por isso, as lebres
até hoje, quando saem fora das
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suas casas (esconderijos) bem arranjadas na lala, não passam o lapso de um tempinho sem
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levantar as suas grandes orelhas para todas as direcções. É para ver se as famílias cabra, lobo e
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onça já estão de regresso.
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Moral da história (entre outras):
Uma comunidade com muitos membros poderosos
maus; se consegue ver colocado um desses maus, por um
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