«Não pode restar dúvidas de que as escaríficações tegumentares [cortes superficiais na pele] tiveram (e ainda têm) um elevado significado social e religioso, com rituais mãgicos, e corresponderam (e correspondem) a marcas comemorativas de ritos de iniciação e ou de passagem social. Lentamente, com o decorrer do tempo e influências culturais estranhas, foram perdendo, em parte, posição no conjunto de usanças. Atenuaram-se os rigorismos dos seus rituais e algumas acabaram por passar a possuir apenas um sentido decorativo, estético, de ronco (com a significação de bonito, garrido), ou simultâneamente um intuito para-sexual. É o que podemos concluir ao verificar que, abandonadas ou subestimadas pelos homens, têm franca preferência e são sobrevalorizadas pela juventude feminina. Muitas outras, entretanto, conservam quase intactas as suas formas, o seu cerimonial, o seu rigor. É o caso da circuncisão.»
António Carreira, Janeiro de 1961
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