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1 de fevereiro de 2012

376-Dispositivo e armamento do PAIGC na guerra colonial


Excertos da “Análise da actividade da guerrilha”, contida no último relatório da 2ª REP do CTIG (2ª Repartição do Comando Territorial Independente da Guiné), do qual já dei notícia aqui. Os meus agradecimentos, mais uma vez, ao Luís Vaz pela cedência desse documento, e também ao Sousa e Castro, de cujo blogue copiei duas fotografias.
 
"A actividade da guerrilha do PAIGC, em 1973, processou-se de acordo com os padrões normais dos anos anteriores, tendo apresentado no entanto a seguinte particularidade: o ponto alto verificado no final da época seca (em MAI73) correspondeu a cerca do dobro das acções registadas em 1972, na mesma altura, e o decréscimo observado durante a época das chuvas foi mais acentuado e prolongou-se para além da época seca, até NOV73.
No entanto a partir do final de DEZ73, a actividade da guerrilha aumentou muito acentuadamente, tendo sido em todos os meses do primeiro trimestre de 1974 mais elevada que nos meses homólogos do ano anterior.
Deste modo ao empolamento da actividadfe da guerrilha em 1973, sucedia outro tanto em 1974.
O habitual ponto alto que se previa para ABR/MAI74, e tudo fazia admitir mais violento que o de 73, só foi sustido pela ocorrência do Movimento de 25ABR."

ANÁLISE DOS QUADROS JÁ PUBLICADOS ANTES (VER):

▀ No ano de 1973 as acções de guerrilha (1.5141.033 de iniciativa do PAIGC e 481 de reacção), aumentaram em 11% relativamente a 1972 (1.359760 de iniciativa do PAIGC e 599 de reacção). Houve um aumento de iniciativas do PAIGC em 35%. Acrescenta o relatório que “Esta tendência – aumento da actividade de iniciativa – acentuou-se mais nos primeiros quatro meses de 1974 (+50%), período em que se registaram 415 acções de iniciativa, total significativamente superior às 276 realizadas pelo PAIGC em igual período de 1973”. Refere que estes números reflectem uma maior agressividade e potencial revelados pelas FARP (Forças Armadas Revolucionárias do Povo, exército do PAIGC) e uma diminuição da reacção e menor capacidade ofensiva das NT (Nossas Tropas).
▀ Em 1973 as NT tiveram mais do dobro dos mortos (185) do que em 1972 (84), sendo o total de mortos até 30 de Abril de 1974 (81) quase tantos como em 1972.
Diz: “Era notória a evolução do abandono progressivo de actividade de guerrilha dispersa em superfície, em proveito das acções maciças contra objectivos definidos, obrigando a grandes balanceamentos de meios, por vezes, envolvendo elementos de todo o TO [Teatro de Operações].” E menciona o PAIGC com novas armas (Míssil Strella e Viaturas Blindadas) e maior emprego de outras (Mort 120, Fog 122, Canh 85, Canh 130, Minas Especiais).

DISPOSITIVO GERAL DO PAIGC E OBJECTIVOS:

Ao longo de toda a fronteira e nos países limítrofes, o PAIGC dispunha de Bases com estruturas e Comandos próprios, perfeitamente integrados na sua organização militar e que, em conjunto com os corredores de infiltração e áreas fulcrais no interior do TO, constituíam a malha do seu dispositivo.
Algumas das Bases ao longo da fronteira tinham simultaneamente carácter operacional e logístico, constituindo pontos de apoio à entrada de grupos armados e de colunas de reabastecimento.”

As Bases eram estas:
▀ Na ZONA OESTE: N’PACK, CAMPADA, SIKOUM, CUMBAMORY e HERMACONO, na faixa fronteiriça do Senegal, actuando contra as fortificações de S. DOMINGOS, INGORÉ, GUIDAGE, FARIM e CUNTIMA e infiltrando-se, pelos corredores de SAMBUIÁ e LAMEL, para as áreas fulcrais de:
- TILIGI, NAGA-BIAMBE e CABOIANA-CHURO, ameaçando directamente o Chão Manjaco e as povoações e aquartelamentos ao longo do eixo CÓ-BULA-BINAR-BIAMBE-BISSORÃ;
- BRICAMA, MORÉS e SARA donde ameaçava as povoações e aquartelamentos ao longo do eixo MANSOA-MANSABÁ-FARIM, a península de NHACRA e, indirectamente, a ilha de BISSAU.
▀ Na ZONA LESTE: na zona fronteiriça do Senegal, FAKINA, SAMBOLECUNDA, SARE LALI, SUCO/PAYONGON e LENGUEL/SERENAFE, ameaçando as regiões da fronteira Norte em direcção a BAFATÁ/NOVA LAMEGO.
▀ Na REP. GUINÉ:
- FOULAMANSA/KAORANÉ/MISSIRÁ e FOULAMORY, ameaçando toda a zona Lesta e particularmente, a NE, os aquartelamentos de PICHE, BURUNTUMA e CANQUELIFÁ;
- KAMBERA, por ORE/CAPEGE, e CHECHE-PIRI, ameaçando as regiões de Dulombi/Camjadude e, mais remotamente, GALOMARO/BAFATÁ;
- KOUNDARA, centro  logístico que apoiava todo o Leste e Norte.
▀ Na ZONA SUL:
- KANDIAFARA, a partir da qual irradiava para actuar sobre as guarnições fronteiriças de ALDEIA FORMOSA, GADAMAEL e CAMECONDE e servia de pnto de apoio aos grupos de guerrilheiros e colunas logísticas que penetravam pelo corredor de GUILEDGE em direcção ao UNAL, área fulcral do Sul, donde se dirigiam para:                 
                       . INJASSANE depois para-»QUÍNARA e BAFATÁ/XITOLE/SARA
                       . TOMBALI, CUBUCARÉ, COMO
- BOKÉ, centro logístico que apoia toda a Zona Sul e orienta os abastecimentos para Leste e Norte desembarcados no seu próprio porto ou no de KANSAR.


Mas, como se vê no mapa acima, eram mais as Bases que o PAIGC tinha quer no Senegal quer na Rep. Guiné.
Ver também aqui os corredores de infiltração a Norte.

POTENCIAL DE COMBATE DO PAIGC

▀ Cerca de 7.500 combatentes, em 1973/74: 4.500 nas FARP e 3.000 nas forças armadas locais (milícia popular e guerrilha).
No princípio de 1974 encontravam-se em instrução no CIPM de KAMBERA (MADINA DO BOÉ) cerca de 300 elementos por trimestre e que nos CI dos países de Leste e em Cuba se encontravam 500 dos seus quadros em diversos grupos de preparação.
Durante a ofensiva de Maio/Junho de 1973 e 1º trimestre de 1974 foram referenciados vários elementos estranhos ao PAIGC, de tez branca, depreendendo-se que recebiam ajuda em homens de países apoiantes, nomeadamente de Cuba.
▀ Nesse período foi detectado novo armamento e maior quantidade de outro já utilizado, destacando-se:
Míssil SA-7 Strella
Morteiro 120
Foguetão 122
Canhão 130mm
Viatura blindada BRDM-2





Refere-se que num relatório do Comité de Libertação da OUA, efectuada em MOGADÍSCIO de 15 a 21OUT73, se mencionava a futura satisfação para 1974 das seguintes necessidades fundamentais do PAIGC, no que diz respeito a material de guerra:
. Artilharia de longo alcance (15 e 30 km)
. Material de transmissões mais eficaz para coordenação das acções Inf-Art.
. Maior quantidade de Míssies terra-ar portáteis individuais, visto que as peças ou metralhadoras que possuíam (37: 12,7 e 14,5mm) em virtude do seu peso não podem actuar no interior do TO.
. Viaturas blindadas.
. Vedetas ultra-rápidas (40 nós de velocidade) para actuar especialmente na área do porto de BISSAU.
. Batrcos de borracha para actuação nos rios e minas aquáticas.
. 2 a 3 navios de longo curso para ligações com as ilhas de CABO VERDE.
Quanto a meios aéreos, apesar de várias notícias o referirem com insistência, o PAIGC não dispunha de aviação para apoio aéreo eficaz. Sabia-se da existência e aviões ligeiros na REP GUINÉ e era referenciado grande número de sobrevoos suspeitos, nomeadamente com MIG’s-17 e helicópteros. Admitia-se, entretanto, que a situação evoluísse, e o PAIGC pudesse vir a dispor de alguns aviões (seus ou cedidos pela REP GUINÉ) pois sabe-se de fonte segura, que estavam na RÚSSIA, para frequentar um curso de pilotagem (desconhece-se o tipo de avião), 28 recrutas do PAIGC.”

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