Foi nos princípios do século XVII que a
presença europeia se começou a sentir mais nas costas da Guiné, com mercadores de
escravos e comerciantes de várias nacionalidades. Durante décadas os “lançados” (colonos aventureiros) e os “tangomaos”
(diz-se que eram judeus oriundos de Cabo Verde), geralmente miscegenizados com
os indígenas, com quem faziam todo o tipo de negócios, tiveram actividade sem
lei nem controlo. Também numerosos aventureiros e piratas, ou mesmo enviados de
reis europeus, espanhóis, franceses, ingleses, holandeses e suecos, deambulavam
por todos os reinos da costa da Guiné à cata de ouro, marfim e escravos. Daí
que os reis e os gestores dos bens da Coroa portuguesa, à qual desses
territórios vinham muitas riquezas, tivessem procurado ordenar esses comércios.
A Companhia
de Cacheu, Rios e Comércio da Guiné foi criada em 1675, sucedendo à Companhia da Costa da Guiné (criada em
1664) no comércio de escravos naquela região da costa ocidental africana,
ficando também com o comércio de tecidos e marfim. Em 1676, o príncipe regente
D. Pedro deu-lhe o monopólio do tráfico de escravos na costa da Guiné e no arquipélago
de Cabo Verde e a exportação destes para a Metrópole e os seus domínios ultramarinos,
bem como para a América espanhola e Brasil. Só lhe foi vedado o comércio com
estrangeiros.
Em
10 de Maio de 1676 o governador de Cabo Verde, João Cardoso Pissarro foi
nomeado responsável da companhia e, em 20 desse mês, João Barros Bezerra foi
nomeado capitão-mor de Cacheu com o objectivo de ser seu administrador. Porque
era em Cacheu que estava a grande fonte do tráfico de escravos
A companhia cessou as suas atividades em 1682, vindo a ser sucedida pela Companhia do
Cacheu e Cabo Verde a partir de 1690, já sob o reinado de D. Pedro II. Além da sua
actividade no comércio de tecidos, marfim e, sobretudo, escravos, tinha também a
responsabilidade da manutenção do forte de Cacheu e também de Bissau, garantias
da protecção dos seus comércios. Em 1697 foi fundada a vila de Bissau, com uma
fortaleza e um entreposto de escravos
No entanto, em 1703, o rei não lhe renovou o contrato
de exploração, pelo que a sua actividade entrou em declínio, os seus prejuízos
acumularam-se e acabou por ser extinta. Com ela acabou a Capitania de Bissau,
sendo o forte desta vila arrasado, por não ter razão de ser na óptica colonial
da época.
Esta situação provocou a estagnação económica na Guiné
e Cabo Verde durante décadas.
Só em 1757, por beneplácito do Marquês de Pombal, os
seus direitos foram transferidos para Companhia
Geral do Comércio do Grão-Pará e Maranhão, a qual reconstruiu o forte de
Bissau (ver aqui) durante a sua actividade. Esta companhia, porém, em 1777, após a saída do
Marquês de Pombal, foi transformada na Companhia
para o Monopólio do Comércio nas ilhas de Cabo Verde, Bissau e Cacheu, que
durou até 1786, altura em que lhe sucedeu a Companhia do Comércio da Costa d’África, até 1886.
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