Com a devida vénia ao amigo Sousa de Castro, que publicou estes quadros no seu blogue
http://cart3494guine.blogspot.com/ , e ao Luís Gonçalves Vaz (filho do Cor. Henrique Gonçalves Vaz, último CEM - Chefe do Estado-Maior - do CTIG), que foi quem para lá os enviou. E os meus agradecimentos aos dois porque estes dados vieram ao encontro das dúvidas que já expressei anteriormente aqui.
São excertos de um Relatório da 2ª REP do CTIG (2ª Repartição do Comando Territorial Independente da Guiné), o qual diz assim no início:
«Entendeu-se para dar uma ideia mais objectiva da situação em 25ABR74 e sua evolução previsível se não tivesse ocorrido o M.F.A., seria necessário incluir além dos primeiros meses de 1974 todo o ano de 1973. Só uma visão deste lapso de tempo nos poderia revelar o progressivo agravamento da situação de tendência irreversível.
...O ano de 1973 juntamente com os primeiros meses de 1974, até ao 25ABR, constituem um período de nítido agravamento da situação militar, económica e político-subversiva no território da GUINÉ. Este estado de coisas reflectia a agudização do problema colonial português especialmente no plano internacional.»
Os quadros são claros na perspectiva do agravamento.
Vou dar um destaque às acções contra as NT (Nossas Tropas) - os ataques a tabancas (aldeias), raptos e roubos são decorrentes do tipo de guerra lá travada (mesmo assim com uma evolução negativa, o que também é significativo):
- ataques a destacamentos e embarcações, emboscadas, sabotagens, interdição de itinerários (não refere os aviões abatidos - ver aqui): 669 em 1972, 1008 em 1973; 249 do início de 1973 até 30 de Abril de 1973, 399 do início de 1974 até 30 de Abril de 1974
- quanto aos mortos, feridos, retidos e capturados: 940 em 1972, 1366 em 1973; 321 do início de 1973 até 30 de Abril de 1973, 507 do início de 1974 até 30 de Abril de 1974
Entre as"Populações" (mortos, etc) o quadro não diferencia os causados pelo PAIGC e os causados pelas NT. Houve pelas duas partes, evidentemente, mas com evolução negativa. Os americanos chamam-lhes "danos colaterais"... mas eu não: foram também vítimas de uma guerra injusta e inútil.
Quanto às baixas causadas ao PAIGC, vou dar igual destaque, tendo em conta, no entanto, só os "confirmados" (mortos confirmados, feridos confirmados, capturados, apresentados), pois eu sei, por experiência própria, que os números apresentados nos relatórios raramente correspondiam à realidade; mesmo assim: de certeza "confirmados" foram os capturados e os apresentados (resta saber se eram guerrilheiros ou se eram população controlada pelo PAIGC...); depreendo que os mortos e feridos "confirmados" foram os que ficaram no terreno ou de notícias colhidas junto dos informadores, mas em muitas situações relatou-se que "foram vistos rastos de sangue"... uma coisa é certa - os nossos mortos, feridos e "retidos" é que foram mesmo "confirmados":
- baixas causadas ao PAIGC: 538 em 1972, 472 em 1973; 195 do início de 1973 até 30 de Abril de 1973, 151 do início de 1974 até 30 de Abril de 1974
É evidente uma progressão inversa nas baixas dos dois lados: as das NT a subir, as do PAIGC a diminuir.
São excertos de um Relatório da 2ª REP do CTIG (2ª Repartição do Comando Territorial Independente da Guiné), o qual diz assim no início:
«Entendeu-se para dar uma ideia mais objectiva da situação em 25ABR74 e sua evolução previsível se não tivesse ocorrido o M.F.A., seria necessário incluir além dos primeiros meses de 1974 todo o ano de 1973. Só uma visão deste lapso de tempo nos poderia revelar o progressivo agravamento da situação de tendência irreversível.
...O ano de 1973 juntamente com os primeiros meses de 1974, até ao 25ABR, constituem um período de nítido agravamento da situação militar, económica e político-subversiva no território da GUINÉ. Este estado de coisas reflectia a agudização do problema colonial português especialmente no plano internacional.»
Os quadros são claros na perspectiva do agravamento.
Vou dar um destaque às acções contra as NT (Nossas Tropas) - os ataques a tabancas (aldeias), raptos e roubos são decorrentes do tipo de guerra lá travada (mesmo assim com uma evolução negativa, o que também é significativo):
- ataques a destacamentos e embarcações, emboscadas, sabotagens, interdição de itinerários (não refere os aviões abatidos - ver aqui): 669 em 1972, 1008 em 1973; 249 do início de 1973 até 30 de Abril de 1973, 399 do início de 1974 até 30 de Abril de 1974
- quanto aos mortos, feridos, retidos e capturados: 940 em 1972, 1366 em 1973; 321 do início de 1973 até 30 de Abril de 1973, 507 do início de 1974 até 30 de Abril de 1974
Entre as"Populações" (mortos, etc) o quadro não diferencia os causados pelo PAIGC e os causados pelas NT. Houve pelas duas partes, evidentemente, mas com evolução negativa. Os americanos chamam-lhes "danos colaterais"... mas eu não: foram também vítimas de uma guerra injusta e inútil.
Quanto às baixas causadas ao PAIGC, vou dar igual destaque, tendo em conta, no entanto, só os "confirmados" (mortos confirmados, feridos confirmados, capturados, apresentados), pois eu sei, por experiência própria, que os números apresentados nos relatórios raramente correspondiam à realidade; mesmo assim: de certeza "confirmados" foram os capturados e os apresentados (resta saber se eram guerrilheiros ou se eram população controlada pelo PAIGC...); depreendo que os mortos e feridos "confirmados" foram os que ficaram no terreno ou de notícias colhidas junto dos informadores, mas em muitas situações relatou-se que "foram vistos rastos de sangue"... uma coisa é certa - os nossos mortos, feridos e "retidos" é que foram mesmo "confirmados":
- baixas causadas ao PAIGC: 538 em 1972, 472 em 1973; 195 do início de 1973 até 30 de Abril de 1973, 151 do início de 1974 até 30 de Abril de 1974
É evidente uma progressão inversa nas baixas dos dois lados: as das NT a subir, as do PAIGC a diminuir.
Caro Marques Lopes:
ResponderEliminarComo comungo da sua análise, vou enviar para ser publicado mais quadros que revelam a evolução de todo o tipo de acções do PAIGC no TO da Guiné, entre 1972 e 1974, nomeadamente esse nº (Total de acções do PAIGC), que em 72 foi de 760, em 1973, o "nº de acções" situou-se em 1033! bem como esse nº em 73 até Abril foi de 276, e no ano seguinte, em 74, foi de 416 acções!!! também até 30 de Abril!! enfim se depois analisarmos os nºs das "nossas reacções" às iniciativas do PAIGC, que diminuiu um pouco! somos(infelizmente para nós)obrigados a constatar que estávamos a "perder força", no sentido de que efectivamente, o PAIGC estava em "crescimento operacional", paralelamente às conquistas notáveis, a nível político/internacional. Esta minha análise, não menospreza a "qualidade” das nossas Forças Armadas, pelo contrário, respondíamos com muito "Mérito Militar", já que estávamos pior equipados, do ponto de vista militar, e os nossos combatentes actuavam num cenário, bastante adversos (conheci-o bem)e enfrentavam Guerrilheiros, com uma boa preparação e com Comandantes "altamente profissionalizados" na União Soviética". Em suma, os ex-combatentes no TO da Guiné, são verdadeiros heróis Nacionais, que não deviam ser esquecidos pela Sociedade Civil e Militar Portuguesa, sem desprimor para todos aqueles ex-combatentes que lutaram nos outros To das Províncias Ultramarinas Portuguesas, para esses, vai também o meu reconhecimento e toda a minha admiração. Pena é que o Fim do Império Português, foi Inglório... e essa é culpa dos políticos de então... e não dos Militares Portugueses, quer dos que foram para a guerra com sentido de missão (Militares do Quadro e outros), quer de todos os jovens que tiveram de ir cumprir o seu Serviço Militar Obrigatório, nos diversos Teatros de Operação em África... Todos eles merecem o nosso respeito e a nossa admiração, especialmente todos aqueles que Morreram em combate ou ficaram feridos/sequelas para sempre. E mais não digo…..
Abraço:
Luís G. Vaz
Agradeço. Claro que nem eu quero pôr em causa os nossos combatentes, eu fui um deles, fui ferido e estive oito meses no Hospital Militar da Estrela, e voltei para a Guiné. Só tenho vindo a analisar uma situação que me pareceu muito complicada na Guiné. São importantes os elementos que me puder fornecer. Obrigado.
ResponderEliminarAbraço
A. Marques Lopes