![]() |
Baciro Dabó |
Às 03h30 da madrugada duas carrinhas de dupla-cabine chegaram à casa de Baciro. Alguém conseguiu contar o número dos militares que invadiram e rodearam a casa de Baciro - eram cerca de 30 e munidos de todo o tipo de armamento. Cerca de 10 rapazes, entre eles os guardas da segurança pessoal, e familiares do Baciro estavam a dormir. Nenhum deles estava armado, isto porque o Primeiro-ministro Carlos Gomes Jr. tinha ordenado o desarmamento da segurança pessoal de Baciro depois de este ter manifestado ao Governo a sua disposição de se candidatar às presidenciais.
Agarraram os rapazes, retiraram-lhes os telemóveis, e espancaram dois familiares directos de Baciro Dabó (Amadú, um dos sobrinhos de Baciro e Mancú, um dos irmãos mais novos de Baciro).
Enquanto os espancavam, quiseram que um deles fosse ao andar de cima e pedisse ao Baciro que abrisse a porta do seu quarto. Mas isso não foi necessário porque Baciro ouviu o barulho e foi espreitar para ver o que se passava. Mal abriu a porta, reparou logo que havia um contingente armado à volta da sua casa. Voltou para dentro e foi esconder-se no quarto de dormir da esposa, Suncari Dabó. Os militares subiram para o primeiro andar e foram falar com a Senhora Suncari Dabó. Perguntaram-lhe sobre o marido, tendo ela respondido que o marido não estava.
Um militar:
Um militar:
- “Se não nos dizes onde ele está matamos-te.”
Baciro, temendo pela vida da esposa, saiu e dirigiu-se-lhes:
- “O que é que querem de mim?”
- “Queremos o dinheiro, queremos saber onde está o dinheiro. Dás ou não, morres de qualquer maneira”, disse um.
- "Kuda abo ki homi di fama ... bu fama na caba ahos ... porque no na matau"[1], disse outro.
- “Matar-me? Querem o meu dinheiro e querem-me matar ao mesmo tempo? Se é isso, então matem-me já.” E Baciro Dabó virou-lhes as costas e levantou as mãos ao ar:
- "Matem-me!"
- "Matem-me!"
Sem hesitação nenhuma, um militar disparou quatro tiros, assassinando o Major Baciro Dabó. Eram 3h42 da manhã da sexta-feira, 5 de Junho de 2009.
Os três filhos de Baciro testemunharam este episódio. A Sãozinha, o Braima e o David.
Arrancaram-lhe um anel do dedo, revistaram-lhe as malas, retiraram tudo o que havia de valor na casa: jóias, anéis da esposa incluindo um que ela tinha no dedo (o dedo de Suncari ficou inchado durante muito tempo depois), sapatos, calçados das crianças, telemóveis, relógios, e muito dinheiro. Baciro Dabó tinha levantado na quinta-feira, dia 4, uma soma avultada de dinheiro que iria servir de lançamento da sua campanha eleitoralem Bafatá. Roubaram tudo!
Os três filhos de Baciro testemunharam este episódio. A Sãozinha, o Braima e o David.
Arrancaram-lhe um anel do dedo, revistaram-lhe as malas, retiraram tudo o que havia de valor na casa: jóias, anéis da esposa incluindo um que ela tinha no dedo (o dedo de Suncari ficou inchado durante muito tempo depois), sapatos, calçados das crianças, telemóveis, relógios, e muito dinheiro. Baciro Dabó tinha levantado na quinta-feira, dia 4, uma soma avultada de dinheiro que iria servir de lançamento da sua campanha eleitoral
Ouvindo os tiros, os vizinhos foram-se juntando ao pé da casa. O primeiro a chegar ai foi um homem grande, chamado Braima “Doutor, vinha acompanhado da filha Aminta, e era o pai do condutor de Baciro. Viram o último carro abandonar o sítio.
Todo esse contingente militar estava fardado e mascarado, com as caras cobertas. Foram depois a casa do Primeiro-ministro Faustino Imbali, mas este encontrava-se em local incerto.
Já tinham, duas semanas antes, tentado assaltar a casa de Baciro, mas ele conseguira, na altura, escapar através de uma das janelas que dava acesso à casa de um vizinho. Também na manhã do dia do assassinato de Nino Vieira foram a casa de Baciro, mas ele, já temendo pela sua via, tinha-se refugiado em casa de uns familiares. Nesse mesmo dia prenderam o guarda da casa de Baciro de nome Bacar. Dizem que Bacar tinha ido à casa de Nino Vieira um dia antes do seu assassinato e portanto deve ter sabido de alguma coisa. Até hoje ninguém sabe falar desse tal Bacar. Ninguém sabe se está vivo ou morto.
Um dia depois do assassinato de Baciro disseram ao seu irmão mais velho, Iaia Dabó, para ir receber o salário dele ao QG. Quando lá chegou, prenderam-no, alegando que ele terá feito ameaças de morte a elementos das FARP.
O, então ainda candidato de PAIGC, Malam Bacai Sanhá foi à casa de Baciro para apresentar as suas condolências à família. Quando chegou lá foi expulso pelo irmão de Baciro, Mancú... foi necessário um grupo de homens grandes muçulmanos para acalmar os ânimos.
Muito tempo andaram à procura dos tais rapazes que dormiam naquela noite em casa de Baciro Dabó, a fim de lhes arrancar confissões que incriminassem Baciro Dabó. Que foi feito deles? Ainda há quem pergunte.
Sem comentários:
Enviar um comentário