CONSULTAS

Para consultas, além da "Caixa de pesquisa" em cima à esquerda podem procurar em "Etiquetas", em baixo do lado direito, ou ver em PÁGINAS, mais abaixo ainda do lado direito, o "Mapa do Blogue"

Este blogue pode ser visto também em

13 de julho de 2011

220-Operação Tridente

Começou no dia 15 de Janeiro de 1964 e visava desalojar a guerrilha das ilhas de Como, Caiar e Catungo. Na véspera, a artilharia portuguesa instalada em Catió flagelou longamente o norte dessas ilhas. Para enganar, porque a entrada das forças portuguesas começou pelo sul.
INTERVENIENTES (1.100 homens no total):
- Comandante - tenente-coronel Fernando Cavaleiro.
- Agrupamento A, comandado pelo major António Romeiras, constituído por: Companhia de Cavalaria 487, do capitão Rui Soeiro Cidrais; Destacamento de Fuzileiros Especiais 7, do primeiro-tenente João Ribeiro Pacheco; Pelotão de sapadores.
- Agrupamento B, comandado pelo capitão Ferreira, constituído por: Companhia de Cavalaria 488, do capitão Manuel Arrabaça; Destacamento de Fuzileiros Especiais 8, do primeiro-tenente Alpoim Calvão; Pelotão de sapadores.
- Agrupamento C, comandado pelo capitão Cabral: Companhia de Cavalaria 489, do capitão Pato Anselmo; Pelotão de sapadores.
- Agrupamento DDestacamento de Fuzileiros Especiais 2, do primeiro-tenente Faria de Carvalho.
- Agrupamento E: Companhia de Caçadores 557, do capitão Aires.
- Outras forças: um pelotão de pára-quedistas (o Pelotão 111 foi rendido a meio da operação pelo Pelotão 222 que, mais tarde, foi rendido pelo primeiro); Pelotão de morteiros do Batalhão de Caçadores 600; Grupo de 20 comandos; 73 carregadores indígenas; 10 guias de etnia fula.  
Desembarque da Companhia de Caçadores 557 em Caiar
Lancha de desembarque, na manhã de 15 de Janeiro de 1964, ao largo do Como
Desembarques, acessos difíceis, violentos combates
- dia 15 de Janeiro, às 8h30 - desembarcam o DFE7 para Caiar e o DFE8 para Como, a fim de estabelecerem testas de ponte para o desembarque, quarenta e cinco minutos depois, das companhias da cavalaria;
dia 15 de Janeiro, às 9h15 - desembarca a CCAV487 na ilha de Caiar e marcha para a tabanca de Caiar; marcha lenta, longa e custosa: ficam sem água e são flagelados por fogo inimigo; chegam à tabanca de Caiar cerca das 15h30 do dia seguinte, mas esta estava abandonada já, sem população;
- dia 15 de Janeiro, às 9h15 - desembarca a CCAV488 na ilha do Como e marcham para Cauane, one chegam cerca das 15h00 desse dia; primeiros combates violentos, meteu Força Aérea; os fuzileiros conseguem afugentar a guerrilha e a companhia instala-se no ilhéu de Caiame para proteger o desembarque da CCAV489 na ilha de Catungo, no dia seguinte;
T6
- dia 16 de Janeiro, às 09h00 - desembarca a CCAV489 na ilha de Catungo e toma Catungo Papel e Catungo Balanta sem resistência; desembarca também o DFE7 na costa leste de Catungo, perto do rio Cumbijã, e ocupa a tabanca de Cametonco também sem resistência;
- dia 18 de Janeiro - desembarca o grupo de comandos do alferes Saraiva e vão para Cauane para se juntarem aos fuzileiros, no meio de intenso fogachal;
- dia 20 de Janeiro - o DFE8 de Alpoim Calvão avança para a mata entre Cauane e S. Nicolau, aí enfrentando durante duas horas um grupo de 100 guerrilheiros dentro da mata; os comandos juntam-se-lhes, o comando Mário Dias é morto com um tiro na cabeça; a guerrilha resiste; 20 comandos e 80 fuzos são obrigados a retirar;
- 21 de Janeiro - o grupo de comandos e uma secção de fuzileiros, com apoio aéreo, tentam calar as metralhadoras do inimigo; sem êxito e um T6 é abatido, tendo morrido o piloto, alferes João Manuel Pité;
- 26 de Janeiro - ao fim de uma semana de assanhados combates, os comandos conseguem entrar na mata junto a Cauane.
DFE7, na zona de Cachil, onde travou violento combate
DFE7, em Caiar, na manhã de 15 de Janeiro de 1964
Assalto final
«É nesta última fase que se travam os combates mais intensos. Os guerrilheiros, ainda em grande número, estavam bem armados e instruídos. Instalados na mata densa ao redor de Cassacá, que lhes conferia grande protecção, vigiavam as entradas - e, dotados de incrível agilidade, faziam deslocar rapidamente as forças necessárias para reforçar uma das suas posições debaixo da metralha.
A guerrilha, sob o comando de Nino Vieira, demonstra nestes combates grande mobilidade e considerável poder de fogo e de manobra - de tal maneira que até as nossas tropas de elite, fuzileiros especiais, pára-quedistas, comandos, sentem grandes dificuldades. As unidades de combate portuguesas quase são surpreendidas pela táctica dos guerrilheiros. O te­nente-coronel Cavaleiro dá conta da eficácia da guerrilha em relatórios para quartel-general em Bissau: "As forças inimigas tentam sempre o cerco de núcleos pequenos das nossas for­ças e combinam acções de movimento com tiro flanqueante ou frontal de metralhadoras pesadas e ligeiras".
Os fuzileiros especiais do Destacamento 7, comandados pelo primeiro-tenente Ribeiro Pacheco, flagelam os guerri­lheiros pelo lado Norte - enquanto o Destacamento de Fu­zileiros Especiais 8, de AIpoim Calvão, os pára-quedistas e o grupo de comandos os mantém debaixo de fogo a Sul e a Este. O mais intenso dos combates em Cassacá decorreu entre as seis da manhã e as quatro da tarde. Os pára-quedis­tas sofrem um morto.
Os combatentes conseguem internar-se progressivamente na mata através de vários flancos. Os guerrilheiros estão cercados, mas ainda resistem. A artilharia e a Força Aérea bombardeiam, dia e noite, pontos suspeitos da mata - o que provoca grande insegurança à guerrilha
São destruídos dois grandes acampamentos das forças do PAIGC, dezenas de casas de mato, abrigos e depósitos de arroz. Foram arrasadas as tabancas de Cauane, S. Nicolau, Curco, Cachida e Cachil.
Operação inútil
Em 24 de Março, ao fim de 71 dias de campanha, o tenen­te-coronel Fernando Cavaleiro dá o assunto por encerrado. Quatro dias antes, á noite, passeara triunfante com o grupo de comandos e o pelotão de pára-quedistas pelas matas de Cauane, de Cassaca e de Cachil. Os guerrilheiros, incapa­zes de travar os ataques portugueses, estão em fuga.
Os combates custaram ás nossas tropas 9 mortos e 47 feri­dos - além de 193 combatentes evacuados por doença. O tenente-coronel Fernando Cavaleiro escreveu no relatório final: "mais uma vez se verificaram as extraordinárias quali­dades do nosso soldado. Apesar de pessimamente instalados em abrigos, vigilantes dia e noite, de terem tomado parte de inúmeras operações, de durante 23 dias se alimentarem ex­clusivamente da mesma ementa de ração de combate à base de conserva, de durante os restantes 48 dias apenas terem comido uma refeição quente, apesar da falta de água para beber - a tudo resistiram, mostrando assim um verdadeiro e inigualável poder de adaptação e espirito de sacrifício"
A Operação Tridente foi das mais ingratas de toda a Guerra Colonial - um sacrificio inútil. Os guerrilheiros foram expulsos da região. mas o comandante-chefe que veio a seguir, general Arnaldo Schultz, retirou a guarnição que lá tinha ficado. Resultado: os guerrilheiros voltaram a ocupar as ilhas.»
Extraído (dados, imagens e texto entre aspas) de:
"As Grandes Operações da Guerra Colonial, 1961-1974. IV Operação Tridente", Suplemento do "Correio da Manhã"

1 comentário:

  1. Ás vezes até dá náuseas ler ou ouvir certas coisas. Há pouco tempo fui a um debate em que o tema era a operação tridente, não é que um tenente general diz que em plena operação tridente o PAIGC faz o congresso na mata do Cassaca, um general não sabe que este dito congresso do PAIGC foi de facto em Cassacá mas em Cacine, foi preciso ser desmentido pelo comandante Alpoim Calvão.
    No final deste texto leio em coisas da Guiné publicado pelo nosso conceituado e estudioso da guerra da Guiné A. M. Lopes que o general Arnaldo Schultz retirou a companhia que ficou lá a fazer a guarnição, o Sr. A. M. Lopes sabe melhor que eu que a ultima companhia a abandonar o quartel do Cachil foi em 1968 por ordem do comando chefe já com o brigadeiro António de Spinola no comando de governador da Guiné.
    Quanto à foto da C.caç 557 a desembarcar em Caiar não é possível a 557 nunca esteve em Caiar, a 557 desembarcou sim mas no lodo do rio Cumbijã ou de um seu afluente mas no Cachil.

    ResponderEliminar