Nas vésperas de "entrar finalmente" em Sinchã Jobel estivemos a jantar com aquele que era o comandante da base do PAIGC na altura em que lá fiquei (Op.Jigajoga), o comandante Lúcio Soares. Isso deveu-se aos bons préstimos do Simões de Jugudul e do Pepito (Carlos Schwartz), ambos naturais de Bolama, que é também a terra do Lúcio Soares.
Lúcio Soares é um veterano da guerra de libertação. Foi responsável político da zona de Bafatá, foi comandante da base de Sinchã Jobel e depois comandante da Frente Norte. Como membro do Comité Executivo da Luta, foi um dos assinantes do Acordo de Argel com Portugal. Após a independência foi Ministro da Defesa do governo de Luís Cabral. Encontrava-se em Cabo Verde aquando do golpe de Nino Vieira de 14 de Novembro de 1980, regressando à Guiné-Bissau 14 anos depois. Após o golpe militar que depôs Kumba Yalá em Setembro de 2003 foi conselheiro para a Defesa do Presidente Henrique Rosa. Afastou-se após a eleição de Nino Vieira em 2005. Em 8 de Janeiro de 2009 foi nomeado Ministro do Interior por Carlos Gomes Júnior, mas saiu em 6 de Novembro desse ano.

Fotos do Xico Allen
O jantar foi no restaurante Colete Encarnado, propriedade de um ribatejano. Ele veio acompanhado do Braima Camará, conhecido por Braima Dakar (soube que morreu em Janeiro de 2010), que foi comandante na zona de Teixeira Pinto durante a guerra. A brincar, no início, Lúcio Soares disse-me que o Braima Dakar era o seu guarda-costas. Pensei, no princípio, que era uma maneira de ele justificar a presença do outro, mas, depois, a seguir ao que vi, já pensei que era mesmo capaz de ser verdade. Respondi-lhe, igualmente na brincadeira, que o Xico Allen era também meu guarda-costas.
É um homem muito reservado. Mas foi-me dizendo algumas coisas. Que tinha estado em Cabo Verde durante 14 anos após o golpe de Nino Vieira. Que tinham montado a base em Sinchã Jobel em Abril de 1967, altura em que a nossa companhia lá chegou. Que tinha 23 anos quando comandou essa base e que o Gazela era seu comissário político. Em 1968, disse-me, foi para o Morés e o Gazela passou a comandante da base.
"Eu também tinha 23 anos e fui eu que descobri a vossa base. Fiquei lá uma noite." (Op.Jigajoga)
"Eu sei. Isto é, só soubemos depois. Na altura não soubemos, não demos por isso."
"E se dessem?"
"Apanhávamos. Manga de ronco." E riu-se.
Falei-lhe da mina que me feriu.
"Desculpa. É pena que andássemos aos tiros, podia ser resolvido de outra maneira. Mas eu tinha de lutar pela minha terra."
Como ele tinha dito que estivera na zona de Canchungo (Teixeira Pinto) perguntei ao Braima Dakar sobre a morte dos três majores. Mas ele encolheu-se, disse que sabia muito mas não queria falar.
Passado tempo, entraram dois polícias e sentaram-se numa mesa perto. Nessa altura eu estava a dizer-lhe que queria ir a Sinchã Jobel e perguntava-lhe se ele não queria ir connosco. Era importante para mim estar lá com o homem que comandou aquela base. Ele apercebeu-se da presença dos polícias, disse-me que não podia ir e que tinha de ir embora. Levantou-se, despediu-se e partiu com o Braima Dakar.
Foi em Abril de 2006, já o Nino era novamente presidente. Era evidente que não estava à-vontade e, se calhar, o Braima Dakar era mesmo um acompanhante para sua segurança.
\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\
É um homem muito reservado. Mas foi-me dizendo algumas coisas. Que tinha estado em Cabo Verde durante 14 anos após o golpe de Nino Vieira. Que tinham montado a base em Sinchã Jobel em Abril de 1967, altura em que a nossa companhia lá chegou. Que tinha 23 anos quando comandou essa base e que o Gazela era seu comissário político. Em 1968, disse-me, foi para o Morés e o Gazela passou a comandante da base.
"Eu também tinha 23 anos e fui eu que descobri a vossa base. Fiquei lá uma noite." (Op.Jigajoga)
"Eu sei. Isto é, só soubemos depois. Na altura não soubemos, não demos por isso."
"E se dessem?"
"Apanhávamos. Manga de ronco." E riu-se.
Falei-lhe da mina que me feriu.
"Desculpa. É pena que andássemos aos tiros, podia ser resolvido de outra maneira. Mas eu tinha de lutar pela minha terra."
Como ele tinha dito que estivera na zona de Canchungo (Teixeira Pinto) perguntei ao Braima Dakar sobre a morte dos três majores. Mas ele encolheu-se, disse que sabia muito mas não queria falar.
Passado tempo, entraram dois polícias e sentaram-se numa mesa perto. Nessa altura eu estava a dizer-lhe que queria ir a Sinchã Jobel e perguntava-lhe se ele não queria ir connosco. Era importante para mim estar lá com o homem que comandou aquela base. Ele apercebeu-se da presença dos polícias, disse-me que não podia ir e que tinha de ir embora. Levantou-se, despediu-se e partiu com o Braima Dakar.
Foi em Abril de 2006, já o Nino era novamente presidente. Era evidente que não estava à-vontade e, se calhar, o Braima Dakar era mesmo um acompanhante para sua segurança.
\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\
Sem comentários:
Enviar um comentário