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23 de dezembro de 2010

29-Como fui evacuado

A partir de 17 de Abril de 1967, data em que cheguei a Geba, participei nas seguintes operações: 

Imberbe, em 10MAI67, 
Janota, em 20 e 21MAI67, 
Jaguar, em 03JUN67, 
Inquietar I, em 9 a 13JUN67, 
Jigajoga, em 24JUN67,
Inquietar II, em 04 a 07JUL67, 
Jagudi, em 15 e 16JUL67, 
Jaguar, a 22JUL67, 
Ignora, a 25JUL67,
Ímpeto 2, a 07AGO67

Além disso, fiz vários patrulhamentos na zona com o meu Grupo de Combate e várias colunas de abastecimentos aos destacamentos da companhia, para Banjara,  Cantacunda e Camamudo. Eram as missões que me foram atribuídas, outros dois alferes estavam nos destacamentos e o outro era o segundo comandante da companhia. Em Camamudo era um furriel que comandava.

Mas, a 21AGO67, fui ferido por uma mina no caminho de SARE BANDA para BANJARA (A mina da minha vida). Estive uma semana no Hospital de Bissau (HM241) e daí saí para a Base Aérea para ser evacuado para a Metrópole.  Foi num dakota C47.
Não foi neste, é claro. Sem asas não voava...
Fui só com as calças e uma camisa, Foram também outros feridos que entraram no avião. Os bancos que vêem na gravura foram ocupados por uma senhoras, não sei quem eram, nós os feridos, uns cinco ou seis, fomos esticados numas macas no corredor. Ainda disse que não estava assim tão mal e que podia ir numa cadeira. Mas que não, que devia ir numa maca. Lá fui, e quando o avião já estava alto comecei a deitar sangue pelos ouvidos (era o meu ferimento principal), por causa da descompressão. Ninguém ligou mas eu tratei de mim.
Ao fim de cinco ou seis horas, não sei bem, chegámos ao aeroporto militar de Las Palmas, disseram-nos. Que quem quisesse podia sair para descontrair. Saí e estava cheio de fome, não nos tinham dado nada para comer, nem as "queridas" rações de combate. Vi vários militares e olhei para uma porta que me pareceu a entrada de um bar. Fui até lá e entrei.
Olharam para mim, mas ninguém pareceu espantado, já deviam estar habituados a estas visitas. Pedi uma cerveja e uma sandes. Devorei-as, era a fome. No fim fiquei atrapalhado porque vi que não tinha dinheiro. Nem escudos, nem pesos, muito menos pesetas. Baixei a cabeça e fui-me afastando do balcão até à porta. Ninguém olhou para mim, pareceram-me distraídos. Zarpei para o dakota e estiquei-me na minha maca. Passados tempos o avião arrancou até Lisboa. Ainda agora não sei se fui eu que fui esperto ou se foram eles que me deixaram ir sem me agarrarem para pagar.
Depois de quatro ou cinco, ou cinco ou seis horas, não sei, chegámos ao Figo Maduro. Estava lá os meus pais e a minha irmã, tinham-lhes dito que eu fora ferido e vinha. Choraram e ficaram contentes por me ver de pé. Foi pouco tempo, porque me meteram numa ambulância para ir para a Estrela, o HMP.


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