A minha actual mulher, tinha 5 anos quando eu já estava na Guiné, diz-me sempre: "Não te repitas, já ouvi isso. Tens de compreender que são coisas tuas que já não dizem nada a ninguém." O meu filho mais velho, do primeiro casamento, chama-se Vasco (tinha de ser, nasceu em 1975) preocupa-se com a família (tenho dois netos) e uns sogros que moram perto, lá longe, na Amadora, não me liga muito, ou nada, eu é que procuro ligar-lhe. O mais novo, tem 16 e vai fazer 17 já em Maio, é o que compreendo melhor na sua incompreensão. Está comigo, mas percebo que as sua vivências estão a leste de 1974.
Tenho três cunhados, dois que estiveram em Angola mas nunca ouviram um tiro, outro que não foi para a guerra porque veio o 25 de Abril. Mandei-lhes o meu blogue mas calaram-se bem calados e não dizem nada.
Fui almoçar a um restaurante hoje. A minha mulher e o meu filho foram para a terra e eu fiquei sozinho. Um casal ao pé de mim. Liguei, como sempre ligo. Ele tinha estado no Hospital Militar de Lisboa. Falámos. Disse-lhe que tinha lá estado nove meses, Nada. Nâo deu nada, não quis conversa.
Destino. Andamos perdidos, sozinhos, valemo-nos a nós. Mas, no mato, tínhamos amigos que valiam por nós. Saudades.
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