Ex-alferes miliciano, Fernando Sottomayor, comandante dum carro de combate M/47 que na manhã de 25 de Abril de 1974 desobedeceu às ordens recebidas do brigadeiro Junqueira dos Reis para abrir fogo sobre Salgueiro Maia e "derreter" o Terreiro do Paço. Foi convidado para as festividades do 37º aniversário da "Revolução dos Cravos" em Toronto no corrente ano. Foi enquanto permaneceu em Toronto entrevistado por diversos programas de TV e Rádio lda nossa comunidade, na língua portuguesa, obviamente. Aqui anexo uma dessas entrevistas no programa matinal de sábados de grande auditório, "Gente da Nossa". |

Lembranças da Guiné, na guerra e já fora dela. Pesquisa, comentários e factos. A memória sempre presente. Não está por ordem. É conforme me vou lembrando. Tudo o que tem a ver com a Guiné, a sua história, as etnias, a colonização e as guerras de resistência. Também a minha experiência durante a guerra colonial (está nos primeiros posts). Para quem não sabe ou viveu que veja e avalie se é realidade ou ficção. Para quem sabe ou viveu são lembranças.
CONSULTAS
Para consultas, além da "Caixa de pesquisa" em cima à esquerda podem procurar em "Etiquetas", em baixo do lado direito, ou ver em PÁGINAS, mais abaixo ainda do lado direito, o "Mapa do Blogue"
Este blogue pode ser visto também em
9 de maio de 2011
149-25 de Abril-O homem que não disparou AGORA AO VIVO
O meu amigo Carlos Morgadinho, que vive no Canadá, enviou-me isto:
Publicada por
A. Marques Lopes
à(s)
14:04
Enviar a mensagem por emailDê a sua opinião!Partilhar no XPartilhar no FacebookPartilhar no Pinterest
Etiquetas:
25 de Abril
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
SÓ TENHO PENA MUITA PENA DE QUE O MEU IRMÃO TENHA MORRIDO NA GUINÉ, EMBARCOU EM 21 DE SETEMBRO DE 1972 E MORREU EM 25 DE NOVEMBRO DO MESMO ANO.
ResponderEliminarSALGUEIRO MAIA FOI O MILITAR QUE NUNCA TRAIA O SEU POVO POR ISSO MORREU.
HOJE JÁ TINHA TOMADO POSIÇÃO, PERANTE ESTA SITUAÇÃO QUE ESTAMOS A VIVER, DE FOME MISÉRIA, E FALTA DE MORAL E DE INDIGNIDADE. GOVERNADOS POR DÉSPOTAS E CORRUPTOS. E NÉSCIOS QUE JÁ DEVIAM ESTAR NOS CALABOUÇOS.
O MEU IRMÃO ERA OPERADOR CRIPTOM, NEM DEVIA SAIR DO QUARTEL, MAS.... FORAM ENVIADOS TODOS PARA O MATO, E LÁ FICOU QUANDO ESTAVA A PEDIR REFORÇOS.
SE MUITA GENTE TIVESSE MEMÓRIA NÃO FAZIA E VOTAVA COMO VOTA AINDA. JÁ LÁ VÃO MUITOS ANOS MAS TODOS OS DIAS OS LEMBRO COMO SE FOSSE HOJE.
TANTA MÃE SEM FILHOS, TANTO FILHO SEM PAI, MULHERES SEM MARIDOS, E PARA QUÊ E PORQUÊ? JÁ DEVIA TER SIDO DADA A INDEPENDÊNCIA HÁ MUITO TEMPO DE MODO A FICAREM LÁ AS PESSOAS, EM 500 ANOS NADA LÁ DEIXA-MOS QUE NÃO NOS ENVERGONHEM.
SÓ MISÉRIA, ANALFABETOS QUE PRETOS SÓ TINHAM QUE SER IGNORANTES, GENTE CANALHA QUE FORAM OS PORTUGUESES, E MUITOS FORAM ENVIADOS PARA LÁ POR SALAZAR ESSE FILHO DA PUTA. QUE NEM A SUA BISAVÓ DEVIA TER NASCIDO, VIVA PORTUGAL.
A DOR NUNCA SERÁ APAGADA DAS MEMÓRIAS.
Donzilia:
EliminarOs grandes HOMENS foram aniquilados por esta corja.
Lamentavelmente também o seu irmão.
GRANDE HOMEM Salgueiro Maia.
Veja amiga:
http://jose-pires-um-ser-livre.blogspot.pt/2012/04/abril-algumas-pessoas-de-bem.html
http://jose-pires-um-ser-livre.blogspot.pt/2011/11/que-diria-salgueiro-maia-se-estivesse.html
Obrigada pelo que fez por todos nós. O dia 25 de Abril está registado indelével na minha memória. E fiz o seguinte apontamento que guardo religiosamente e está registado em "Memórias da Revolução" 25 de Abril 1974 – Como o vivi
ResponderEliminarFaz hoje 40 anos que o meu telefone tocou às 7 da manhã. Pensei em tudo, menos que era para me avisar para não sair de casa porque havia uma revolução. Comuniquei de imediato ao meu Director, cidadão brasileiro, para que ele também não saísse. A seguir, foi um não acabar de chamadas telefónicas, ao mesmo tempo que ia sabendo das notícias pela rádio, entre marchas militares e Grândola Vila Morena. O Zé quis ver para crer, mas eu fiquei em casa naquele que, sem eu saber, era o meu primeiro dia de liberdade.
No dia seguinte, apresentámo-nos ao serviço mas ninguém tinha cabeça para fazer fosse o que fosse. Os escritórios ficavam no Marquês de Pombal ao lado do edifício da Força Aérea. Muito embora os nossos corações estivessem a transbordar de esperança, não era tranquilizador ver pessoal armado em cima do telhado. De tarde, fomos todos dispensados do trabalho e eu mais a Eduarda e a Maria dos Anjos resolvemos ir comprar sandes para dar aos soldados que lutavam pelos nossos interesses desde o dia anterior.
Abastecemo-nos na famosa pastelaria Ferrari, na Rua Nova do Almada, que viria a ser destruída pelo incêndio de 1988, e seguimos para a calçada de S. Francisco, Rua Victor Cordon onde, no cimo, avistávamos as traseiras do edifício da PIDE. Distribuímos o almoço e ficámos ali, entre soldados e uma montanha de gente, a ouvir os mais diversos comentários. Falávamos pouco, porque a liberdade ainda não nos corria nas veias. E, subitamente, o ambiente de festa mudou. Do edifício da PIDE começaram a sair rajadas de metralhadora?? que caíam, não sei onde, emitindo um ruído semelhante à queda de granizo.
Gerou-se o pânico e toda a gente correu para o abrigo mais próximo. Eu, na corrida para um bar, perdi o casaco que tinha pelos ombros e voltei atrás. Fiquei só e, no regresso ao bar, encolhi as costas para não ser atingida por aquelas coisas que eu não via, só ouvia. O bar estava cheio, o silêncio era total até ao despertar da minha consciência. Nessa época, estar enfiada num bar era pecado mortal, eu queria sair dali, queria ir para casa onde o meu marido me esperava. A Mª. dos Anjos chorava, dizendo que não arriscava a vida e muito menos o casamento que se iria realizar na semana a seguir. A Eduarda não tinha compromissos, mantinha-se calada.
Até que, na minha santa inocência, tive uma brilhante ideia: “vamos sair de costas para os disparos, as duas vão à minha frente e eu atrás faço de escudo”. E foi assim que saímos do esconderijo e subimos a calçada. Nessa altura, não adivinhava que o dia mais feliz da minha vida iria chegar no 1º. dia do mês a seguir. Foi uma explosão de alegria colectiva, a liberdade entrou-me na alma, rebentou a cápsula que me oprimia e saiu de dentro de mim outra pessoa, mais confiante, mais comunicativa. Os medos dos vizinhos do meu prédio e da minha rua, até da família e amigos, que poderiam ser informadores da PIDE, e alguns eram, desapareceram com a imagem dos cravos espetados nos canos das espingardas.
Passados 40 anos, a minha amiga Eduarda paira algures no universo, a Mª. dos Anjos casou e nunca mais soube dela e eu cá vou caminhando, embalada pelo vento da Amadora, na esperança de que, num 25 de Abril ou num outro dia qualquer, aqueles cravos vermelhos renasçam das cinzas.
25/Abril/2014
M. Clara Pedro Costa